POR MILTON JUNG (adaptado)

Com o começo de nova legislatura nos municípios, vereadores eleitos e reeleitos chegam às câmaras municipais com uma série de ideias para transformá-las em projetos de lei, que se aprovados se somarão a uma montanha de outras leis já criadas pelo Executivo e o Legislativo. A maioria tem efeito nulo no desenvolvimento da cidade e na melhoria da qualidade de vida do cidadão. 

            Por trás da apresentação de projetos, tem muito de boa intenção, o que não significa que se transformará em boas ações. Tem também a ansiedade do parlamentar em dar solução para problemas que o Executivo não se mostra disposto a resolver, o que nos remete a outro problema que é o fato de que muitas dessas iniciativas não cabem, por lei, ao vereador; são da alçada do prefeito. Há os que apresentam o projeto apenas para dar resposta à demanda de algum grupo social que faz parte da sua base eleitoral, e mesmo que não se transforme em lei, o vereador ao menos tem uma desculpa quando for cobrado: “eu tentei”. Ainda existem os que querem apenas aparecer, pegando carona em assuntos de apelo popular.

            Em reportagem do jornal Agora, na edição desta segunda-feira (1º de janeiro de 2021), o advogado Armando Rovai, especialista em direito administrativo, eleitoral e empresarial da Universidade Mackenzie, critica o excesso de leis municipais no Brasil. Alguns projetos, segundo ele, “têm como único objetivo autopromover o vereador”. Rovai comenta que a LEI Nº 13.874, DE 20 DE SETEMBRO DE 2019, Lei da Declaração de Direitos de Liberdade Econômica, em vigor desde 2019, exige que o parlamentar faça uma “análise de impacto regulatório” antes de apresentar “propostas de edição e de alteração de atos normativos”. No entanto, a maior parte dos legisladores desconhece essa obrigação e apresenta projetos sem um estudo de impacto.

            O vereador não tem de entender de todas as minúcias da legislação, mas precisa conhecer o seu papel e o seu direito. Um dos caminhos para resolver esse problema, especialmente nesse momento em que novos vereadores estão assumindo suas cadeiras, é o cuidado em conhecer as leis já existentes, sobretudo a LEI ORGÂNICA MUNICIPAL e o REGIMENTO INTERNO.

            Levando em consideração que muito mais produtivo do que propor uma lei atrás da outra é fiscalizar a atuação do prefeito, saber como ele implanta as políticas públicas ou como administra o cofre da prefeitura, é fundamental que o vereador esteja preparado para desenvolver sua função parlamentar.

 

Fonte: https://www.adoteumvereadorsp.com.br/news/antes-de-propor-leis-vereador-tem-de-se-preocupar-em-montar-um-bom-gabinete/